sábado, 18 de julho de 2009

Hora da redação, moçada!

Depois de um tempo longe da escola, resolvia arregaçar as mangas e encarar um cursinho pré vestibular. Apesar da experiência estar sendo tão prazerosa quanto espinhosa, a perspectiva para o futuro é a melhor possível. Só espero sobreviver aos inúmeros postulados da física e da matemática que os professores tentam heroicamente me ensinar. Equações, inequeações, conjunções verbais e gramaticais, redação... Ah, a redação. A arte de se colocar no papel uma história ou um ponto de vista acerca de um tema proposto. Que me perdoem os apaixonados pelas leis de Boyle ou de Newton, mas acho redação o maior barato. Amada por uns, odiada por outros, hoje ela escapa das fronteiras do vestibular. Escrever bem nunca foi tão necessário nos dias de hoje. No âmbito profissional, a universalização da internet como ferramenta de trabalho e o conseqüente estreitamento das relações pessoais provocou uma revolução na comunicação entre pessoas. Seja através de um e-mail, um memorando, um simples recado ou até mesmo uma entrevista de emprego, a capacidade da boa comunicação pela escrita tornou-se fundamental.
Caso você ainda não saiba, caro colega vestibulando, a redação possui grande peso para a sua nota no vestibular e ficar enchendo a lingüiça do texto com palavras bonitinhas para impressionar o examinador não vai livrar a sua cara, pode acreditar. Por trás de um bom texto existe muito trabalho. Somente uma boa idéia não basta; é necessária a correta aplicação de algumas regrinhas básicas. As gramaticais são óbvias, assim como a correta grafia das palavras. Para a moçada ligada na internet, o uso do “internetês” deve ficar reservado às salas de bate papo. Td ok, kra? Outra regra essencial é aquela que os professores de redação adoram chamar de “estrutura textual”. O que significa? Um texto objetivo, que sabe onde começou e mostra para onde quer chegar. Em outras palavras, um texto com começo, meio e fim. E se na hora da redação você erguer as mãos para o céu por que o tema é justamente sobre aquela reportagem que você leu no jornal ou viu no Fantástico, cuidado. Podemos nos perder no decorrer do texto com a explanação demasiadamente longa das idéias, tornando sua conclusão um martírio. Com estas regrinhas na ponta do lápis, a chance para uma boa nota da redação bate nos 50%. Mas e o resto?
O restante vem da sensibilidade, da força da interpretação de idéias. Na hora da prova, o tempo será nosso maior inimigo. E acreditar que num passe de mágica iremos incorporar um Luís Fernando Veríssimo ou um Carlos Drummond de Andrade será um fatídico engano. A combinação eficiente de boas idéias com o dinamismo na produção de um texto vem através de muito treino. E a facilidade com a escrita está intrinsecamente ligada ao gosto pela leitura. Entretanto, não podemos nos esquecer de que estamos num país onde a média anual de livros lidos entre os jovens é de cerca de 4,5 ao ano. E ao não desenvolvermos o hábito pela leitura, o ato de escrever torna-se um calvário, motivo de desinteresse por parte de alguns e desespero por parte de outros. Uma leitura cotidiana, feita sem obrigação ou encanação, enriquece o vocabulário e aguça a mente. Pode ser o jornal do dia, um livro do Machado de Assis ou uma história policial de bolso. O que vale é o interesse. O prazer pela leitura e pela escrita não enriquece apenas a nota do vestibular: enriquece a forma como a qual enxergamos a vida, a sociedade e o país no qual vivemos.

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