sexta-feira, 9 de abril de 2010

Trinta, adoráveis trinta...

O termo "balzaquiana" surgiu da obra do escritor francês Honoré de Balzac. Em "A mulher de trinta anos", Júlia D´Àiglemont casa-se muito precocemente com um oficial do exército francês e sofre, durante muitos anos, as infelicidades do matrimônio. Júlia só encontrará a verdadeira felicidade e plenitude no amor após os trinta anos, quando acaba conhecendo um novo homem. A publicação que retratava, com mérito, uma parte da sociedade francesa da época, atingiu tamanha dimensão e importância no universo feminino que logo o sobrenome do autor foi relacionado às mulheres da faixa dos trinta.

Confesso que, ao ler Balzac, senti uma ponta de inveja. O homem entendia do riscado quando o assunto era mulher. Balzac tinha uma rara capacidade de escrever com realismo e precisão, mas ao mesmo tempo com fina sutileza, emoções e sentimentos decorridos de uma demoiselle. Se você, minha amiga, que está chegando, já chegou ou já passou das três décadas de vida, e acredita que, em pleno século XXI, nós homens não temos mais salvação, lhe convido a dar uma olhadinha na obra de Balzac. Se a situação está complicada hoje, imagina então no século XIX.

O livro fez-me refletir sobre certas coisas. Não sou o Arnaldo Jabor, mas vou me arriscar a fazer, também, algumas considerações sobre este adorável tipo de mulher. Vamos esquecer por um momento as mulheres na casa dos vinte e poucos anos. Elas não entrarão neste campo de discussão por alguns motivos. À flor da idade, lindas e cheias de graça, as coisas lhes parecem relativamente mais simples. Entretanto ainda não estão devidamente preparadas. Falta-lhes labuta, vivência, experiência. A maturidade chega mesmo na casa dos trinta. É nesse ponto que a mulher se vê segura e firme em seus propósitos.

A fase dos descobrimentos, das primeiras impressões, ficou para trás. As balzaquianas não querem viver um amor para a vida inteira; querem viver um amor que dure apenas o tempo que for necessário à sua felicidade. Não se apegam a malemolências, a charminhos ou beicinhos. Sabem o querem, quando querem e, principalmente, onde querem. O homem se sente pego de surpresa. Hoje em dia, não basta ser apenas um macho standard; tem que vir com algum pacote plus. E isso, tenha certeza, não fica necessariamente relacionado à sua conta no banco ou à marca do seu carro.

A balzaquiana gosta de homem-homem. Homem-pavão ela deixa no zoológico.

Enfim, o que mais me impressiona nas balzaquianas é a sua enorme capacidade de gestão da vida. São donas do próprio caminho, não têm medo de enveredar-se pelos lados mais sinuosos. Se o vento está mais favorável para este ou para aquele lado, não ficam esperando a banda passar: seguem em frente. Não aguardam propostas, elas próprias as fazem; não são sinceras comigo ou contigo, são com elas mesmas. Se esperar franqueza de uma balzaquiana, ô dó, não espere. Franco é o seu amigo, aquele do chope de sexta. A balzaquiana é franca com aquilo que tão somente lhe interessa.

Se isso incluir você, meu amigo, ótimo. Senão, vá tomar um chope.

2 comentários:

  1. espetaculo de dissertação...rsrsrsrrs ....força na mente....as mulheres de 40...50..60..70..80....esperam um texto.
    Parabéns!!!!

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  2. Que barato...Discuti sobre Balzac e as Balzaquianas nesse final de semana...Ah Sr.Balzac!!!!

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