segunda-feira, 14 de setembro de 2009

Este tal do politicamente correto

Bem, vamos com calma...
Deu o que falar na internet nestes tempos atrás um texto de autoria do Sr. Danilo Gentili, do programa “CQC” da Rede Bandeirantes de Televisão. No texto ele se utilizou de um termo, que não me cabe aqui julgamento, mas que para muitos foi considerado de teor racista. E então, fez o hecatombe.
Ficar discutindo aqui se o mérito da questão teve ou não um cunho racista poderia nos tomar horas de discussão que provavelmente não chegaria a uma conclusão contundente. É tudo uma questão de interpretação. Cada um absorve e interpreta uma informação de acordo com seus preceitos, de acordo com aquilo que lhe parece correto.
Fato: vivemos tempos do politicamente correto e, ao qualquer descuido, poderemos cair em maus lençóis ao dirigirmos determinada declaração. Evidente que isto não deve abrir o precedente para a banalização, para a superficialidade daquilo que escrevemos ou dizemos por aí. Respeito é bom e todo mundo gosta. Mas francamente não acredito que esta tenha sido a intenção do Sr. Danilo.
Não entendo a questão do racismo no Brasil. Parece existir por aqui certa “padronização” do que, quando, e onde se pode falar algo sobre alguém. Se um apresentador de televisão usa o termo “macaco” e o relaciona a uma loira, é racismo. Se chamo um amigo pelo apelido de Grafite, daí tudo bem. Se levarmos a ferro e fogo todo o tocante da questão, vamos então começar a prestar mais atenção naquilo que outras emissoras também dizem. Toda vez que a Globo, na transmissão do Carnaval, chamar o Neguinho da Beija-Flor por esta mesma alcunha, vamos também mandar calorosos e-mails à emissora platinada para que ela mantenha o politicamente correto. Já imaginou? “Agora o Luís Antônio Feliciano Marcondes vai puxar o samba enredo...” Ou então: “Lá vem o pequeno afro-descendente da Beija Flor, Luís Antônio Feliciano Marcondes, com o samba...” Esquisito né?
O que falta no nosso país são discussões sérias a respeito daquilo realmente importa para melhorar a vida da gente. Vamos nos sentir incomodados com este desrespeito, com esta falta de vergonha na cara daqueles que governam este país. Vamos nos sentir ofendidos com os impostos que a gente paga e que não vão para onde deveriam ir. Vamos nos sentir desrespeitados com esta lama que eu, você, todos nós engolimos dia após dia, vendo a educação pública do jeito que está, vendo o sistema de saúde do jeito que está. Vamos parar de nos esconder atrás de cortinas. Ainda existe desrespeito? Sim. Ainda existe este atraso de vida chamado racismo? Sim. Entretanto pertencemos a uma nação que permite o crescimento de vida à todos, pode acreditar.
Poderiam me permitir cinco minutos de franqueza? Vou insistir na opinião de que existem discussões de cunhos mais relevantes do que essa. É sempre bom lembrar que somos uma mistura de etnias. Vivo em uma cidade do interior de São Paulo, com grande influência italiana, há cerca de seis anos. E aqui enxergo um certo orgulho, um certo sentimento de diferenciação em algumas pessoas por conta disso. Para que? O respeito e a lembrança sobre a cultura vinda de nossos antepassados, aqueles que para cá vieram ajudar a construir esta nação devem sempre ser preservados. Mas, acima de tudo, somos brasileiros. Convivemos todos juntos, brancos, pretos, amarelos, azuis, laranjas e quantas cores mais você puder imaginar, todos debaixo do mesmo teto. Todos nesta mesma unidade chamada Brasil. E somente nosso próprio esforço, nosso trabalho duro, é que vai poder contribuir para termos um país cada vez melhor. Para todos.

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